Então o chinês disse: —
Honorável senhor, em todos os esportes há nobreza, mas em nenhum outro há mais
do que no xadrez, jogo de estratégias e inteligências, onde mais conta o
cérebro do que qualquer outra coisa. O xadrez é o esporte do intelecto.
Em seguida o francês falou: —
Monsieur, nenhum esporte se compara à esgrima, treinamos pontaria e rapidez,
defesa e ataque, reflexos e precisão. É um esporte onde todo o corpo é
necessário, e por isso é o esporte da habilidade física.
Por fim o norte-americano: —
Mister, o mais nobre dos esportes é o pôquer, exige dissimulação e farsa, psicologia
e trama. É um esporte que não se joga apenas com o corpo e o cérebro, mas
também com a alma. É o esporte do controle emocional.
O homem mais rico do mundo
pediu então algum tempo para pensar sobre aqueles profundos arrazoamentos, e,
como pensar dá fome, pediu uma pizza pelo telefone.
Quando o entregador chegou com
as pizzas, o homem mais rico do mundo, só por brincadeira, resolveu lhe
perguntar qual era o esporte mais nobre: o xadrez, a esgrima ou o pôquer. O
entregador não se fez de rogado e disse: — Esses três esportes são importantes,
mas o mais nobre de todos é o futebol de mesa.
Vejam, o futebol de mesa é uma síntese do conhecimento humano. Ele necessita de movimentos estratégicos como o xadrez, pede pontaria, reflexos e precisão como a esgrima, e precisa de autodomínio como o pôquer. O futebol de mesa é o único esporte onde são necessários intelecto, habilidade física e controle emocional. Tudo ao mesmo tempo e em igual proporção.
Todos ficaram boquiabertos com
tais ideias e as aplaudiram com entusiasmo.
O entregador então fez uma
partida com cada um dos presentes para celebrar a mais nobre das artes. Ele
venceu de 8x0 o chinês, goleou o francês por 9x0 e deu de 10x0 no
norte-americano. Mas, estranhamente, perdeu de 1x0 para o anfitrião, com um gol
contra.
Moral dessa fábula esportiva,
se é que há alguma, é que é bom ser sábio ainda melhor é ser esperto."